Teatro e as novas tecnologias
Durante séculos o ator reinou, soberano, no teatro. Com a chegada da fotografia e do cinema, porém, vimos o estatuto dessa e outras formas de arte se modificarem bastante. Coincidentemente, surgiram, mais ou menos na mesma época, os diretores de cinema e seus duplos no teatro. Em seus primeiros anos, o cinema utilizou as formas de produção e criação teatrais até que foi, aos poucos, se afirmando como divertimento e, mais tarde, como arte, estabelecendo seus próprios códigos e especificidades. Como afirmou Walter Benjamim, o cinema e sua nova linguagem mudaram a maneira de ver e perceber as coisas. O que torna o teatro irreprodutível é exatamente seu caráter efêmero de um evento não durável. Walter Benjamim em A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica, fez várias alusões ao cinema como uma reprodução do trabalho teatral. No entanto, o uso da tecnologia foi incorporado ao teatro, não somente como meio de reprodução, mas também incorporado nos processos de criação e encenação teatrais, transformando a própria reprodução num elemento visto em cena, ‘ao vivo’. O que desencadeou, como se podia prever, novas formas de ver e também de produzir uma obra de arte.
Em relação ao trabalho do ator surgiram, então, novas formas de representar e encenar, como nos é mostrado por Béatrice Picon-Vallin em sua pesquisa sobre o teatro contemporâneo. “Para se ter uma evolução histórica do uso de tecnologia em cena e intercâmbio entre o teatro e as artes da imagem, como cinema ou fotografia, poderíamos começar evocando a radicalidade de Vsevolod Meyerhold, encenador e pesquisador, cujo teatro continuará para aqueles que já estão no século XXI, um lugar de audácia, de virtuosismo e de experimentação de onde emanam”, como escreveu Peter Sellars “um apelo que nos convida a continuar o combate sem nos deixar em paz”.(1) Para Meyerhold, encenador por excelência, o ator é o centro do teatro. “Mesmo que tiremos do teatro a palavra, o