Suponha que você foi surpreendentemente convidado para uma festa de pessoas que mal conhece...
Uma festa. Eu definitivamente não contava com um convite, uma vez que jamais fui entusiasta dessa convenção social, mas se tratando dela, eu desci do meu pedestal e decidi aceitar. Seria uma noite difícil, apesar do clima quente e o céu estrelado tornarem o festejar bastante propício. E antes que eu me arrependesse, já estava lá. E as pessoas naquela bela casa estava indubitavelmente festejando: piscina, música adolescente em volume alto, e muito mais pessoas do que eu estava acostumado. E infelizmente, ela não estava entre os convidados, caso contrário eu haveria percebido. Creio que se ela tivesse me visto, teria percebido também. Eu simplesmente não me encaixava naquele contexto vibrante e colorido, eu era cinza. E nesse caso, decidi percorrer a casa, o que não pude concluir devido à quantidade de pessoas, que pareciam brotar da terra... E mesmo assim, não conhecia nenhuma. Portanto, me resignei a observar aquela agitação e esperar que a razão que me trouxe até lá aparecesse, afinal, já traí todas minhas convicções misantrópicas por causa dela. Enquanto o fazia e recusava cervejas quentes, pensei que essas pessoas deveriam estar felizes. Sim, estavam. E não cabia a mim apontar o quão efêmero era o sentimento alheio. Os risos, a dança e a música despertaram em mim um enorme sentimento de perda, perda de tempo por não ter me entregado àquela felicidade, por ter esperado que ela me alcançasse ao invés de simplesmente ir até ela, que estava ali, me esperando. Lá, estavam todos belos e radiantes, e eu só tinha arrogância. Relutei comigo mesmo, mas decidi ir embora. Não havia razão alguma para continuar naquela mansão. Mas antes, lancei um último olhar para o que menosprezei por duas décadas, e então me dirigi à saída. E foi lá que vi aqueles lindos olhos grandes olharem em minha direção. É, ela estava lá, e veio até mim. Bem, não contava com isso. - Vamos dançar? Eu gosto muito