Subjetividade e dessubjeticação em livros didaticos

Subjetividade e dessubjetivação em textos dissertativos-argumentativos: analisando algumas propostas didáticas

Luciano Novaes Vidon1 e Izabelle de Jesus dos Santos1
1Universidade Federal do Espírito Santo
Vitória, Espírito Santo, Brasil [e-mail], [e-mail]

RESUMO
Neste trabalho, fundamentado teórica e metodologicamente na teoria dialógica bakhtiniana (BAKHTIN, 1992; 2003), questiona-se a concepção tradicional de dissertação, analisando-se materiais didáticos de ensino de língua portuguesa. Aponta-se a importância de se levar em conta, no ensino do texto dissertativo-argumentativo, a questão da subjetividade em sua relação com o gênero discursivo. Este trabalho de pesquisa é de grande relevância para o estudo do processo de ensino de gêneros dissertativo-argumentativos nas escolas, pois procura identificar nas práticas escolares, através dos materiais didáticos utilizados, os indícios de processos discursivos de dessubjetivação (apagamento do eu e do outro nos textos dissertativos). Analisam-se, desse modo, nessas práticas linguístico-pedagógicas, estratégias diversas de dessubjetivação discursiva (AMORIM, 2001; VIDON, 2010).

0 INTRODUÇÃO
Neste trabalho, investiga-se a questão do ensino da dissertação em diferentes materiais didáticos de língua portuguesa, destinados a estudantes do ensino médio. Como são expostas, nesses materiais didáticos, as características, estruturas e estilos presentes nos gêneros dissertativo-argumentativos? O que, segundo esses materiais didáticos, deve ou não conter um texto dissertativo-argumentativo?
Tradicionalmente, a orientação comum a respeito dos gêneros dissertativo-argumentativos é a busca de uma objetividade. Isso contrasta com uma subjetividade que constitui, também, a enunciação desses gêneros, colocando-se, assim, a seguinte questão: como ser objetivo ao mesmo tempo em que se tem que produzir um texto que contenha uma argumentação e, portanto, alguma forma de subjetividade? Através