artigos monograficos
A Medicina tem as suas origens na pré-história, mas é na Grécia antiga que se inicia a abordagem das doenças de modo racional, com Hipócrates
(460 – 375 AC), que introduziu a observação clínica e o seu registro meticuloso. O “Corpo Hipocrático” consiste em cerca de 60 tratados de
Medicina, atribuídos a Hipócrates e seus discípulos, escritos ao longo de gerações. Mesmo tendo atingido uma idade avançada, há quem considere terem sido alguns dos seus descendentes a continuarem a obra, mantendo o seu nome. É certo que terá sido o próprio Hipócrates o autor dos volumes A Epidemia I e III. Apesar de na época pouco ou nada se saber do funcionamento do rim, os registros de A Epidemia permitem identificar claramente doentes com patologia renal (Eknoyan, 1988). O conceito de rim como um órgão com função específica, surge com Areteu da
Capadócia (30-90 DC), que o identifica como “secretor da urina, a partir do sangue”. Galeno (130-200 DC), seguidor de Hipócrates, é responsável por grandes avanços nas áreas da Anatomia, Fisiologia e Terapêutica e foi autor da primeira descrição da vasculatura renal e do aparelho urinário (Eknoyan, 1989). Levou a cabo experiências na área da
Fisiologia renal com o intuito de verificar a origem da urina e existem evidências de conhecimento sobre doenças como a litíase renal no seu tempo (Eknoyan, 1989). Hipócrates e Galeno, para além da Medicina, interessavam-se por outras disciplinas, como a Filosofia, a Filologia, a
Etnografia ou a Retórica, podendo-se considerar enciclopédicos à luz dos conhecimentos da época, conseguindo levar a Medicina a um patamar nunca antes atingido. Com a queda do Império Romano do Ocidente
(século V) e início da chamada Idade Média ou das Trevas, há como que um abrandamento e alteração da evolução do conhecimento médico. O médico medieval baseava-se no corpo do indivíduo para interpretar e curar (Grisby, 2001-2003), sendo os seus diagnósticos fundados na
observação