Sophie Calle: obsessão e colecionismo

2508 palavras 11 páginas
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Seminários de Arte Contemporânea
Prof. Dr. Alexandre Santos

Sophie Calle: colecionismo e biografias

Laura Deppermann Miguel
2012/2
Resumo
Sophie Calle é uma importante artista das últimas quatro décadas, e sua produção influenciou toda uma geração de artistas. Neste artigo, pretendo explorar as relações de seu trabalho biográfico e autobiográfico com aspectos dos diários e do colecionismo histórico.
Palavras-chave: Sophie Calle, colecionismo, diários, privacidade, biografias.
Abstract
Sophie Calle is an important artist from the last four decades and her production influences a generation of artists. In this article, I intend to explore the relations of her biographical and autobiographical work with aspects of diaries and historic collectionism.
Key-words: Sophie Calle, collectionism, diaries, privacy, biographies.
INTRODUÇÃO À ARTISTA
Dentre os diversos artistas da segunda metade do século XX que trabalham com a temática da autobiografia e mitologias pessoais, Sophie Calle destaca-se por sua extensa obra, calcada essencialmente em suas próprias experiências. Ao longo de mais de 30 anos de trabalho, Sophie compartilhou sua privacidade e momentos mais íntimos através de livros, fotografias, exposições, filmes, performances. Considerada como autobiográfica, conceitual, performática e detetivesca, Sophie Calle é, a meu ver, alguém com um ponto de vista bastante particular sobre a vida.
Nascida em nove de outubro de 1953, na cidade de Paris, a então criança Sophie, filha do ilustre oncologista francês Robert Calle, passou a infância convivendo com grandes artistas, tais como Martial Raysse, Arman e Christian Boltanski, amigos íntimos de seu pai. Pode-se dizer que ali iniciou sua curiosidade em relação à arte e seu interesse nela como carreira. Sua obsessão pela investigação e segredos vem da infância, como descreve em partes do livro “Histoires Vraies” (2002). A descoberta de

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