sociedade civil
A contextualização do ideário de sociedade civil no cenário latino-americano baseia-se no enfrentamento aos regimes ditatoriais que se instalaram na região a partir da década de 1970. Particularmente no Brasil, a sociedade civil instalou-se no imaginário nacional como uma forma de mobilização e organização para alterar, no plano estatal, o status que então dominado pelos militares. A principal característica da sociedade civil brasileira durante este primeiro período foi a reivindicação de autonomia em relação ao Estado e aos partidos políticos. A história do Brasil dos anos 1930 à década de 1980 foi de forte intervenção do Estado na organização da sociedade. Assim, durante a primeira fase de organização da sociedade civil, podemos notar dois fenômenos: o crescimento quantitativo do número de associações voluntárias lidando com a organização dos pobres e a participação de seus atores na implementação de políticas públicas. O segundo fenômeno envolve a ideia de que a sociedade civil pode lidar com políticas públicas de forma independente do Estado. Esta foi a concepção de movimentos importantes, como o movimento da saúde/sanitarista e o movimento de reforma urbana. Os dois movimentos radicalizaram a ideia da autonomia social e tiveram forte influência neste período. Foi uma conquista difícil, a de inserir nas decisões políticas e administrativas do Brasil, o que diz respeito à participação da sociedade civil, até porque a condição de cidadania no País foi reconhecida há pouco tempo. Fruto do movimento desta própria sociedade para o estabelecimento de um regime democrático no País, a participação social culminou, no que os movimentos populares e a sociedade civil organizada almejavam atingir, no que tange a uma maior atuação na análise e deliberação de assuntos públicos e formulação das políticas públicas, bem como em construir e atuar em mecanismos de conhecimento e controle da gestão pública.