Socialismo Utópico
DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA E CIÊNCIA POLÍTICA
TEORIA POLÍTICA II
Professor Remy J. Fontana
Graduanda Elaine Lima da Silva
“Na Utopia, as leis são pouco numerosas, a administração distribui indistintamente seus benefícios por todas as classes de cidadãos. O mérito é ali recompensado, e, ao mesmo tempo, a riqueza nacional é tão igualmente repartida que cada um goza abundantemente de todas as comodidades da vida”. (Thomas More, A Utopia-I 1979: 203)
Introdução
Pretendo neste ensaio esboçar dois períodos da história, especialmente focado nas crises ocasionadas pelo sistema capitalista, a saber: o período inicial do século XIX – vivido pelos socialistas utópicos -, marcado pela transição da Revolução Industrial e o período inicial do século XX, marcado pela presença do Grupo Farquhar no planalto catarinense convergindo no episódio sangrento do Contestado. Para fins de organização do texto, estabeleci primeiro explicitar os temas um a um para depois analisar em seu conjunto.
1. O Socialismo utópico Pode-se considerar como sendo Utopias, lugares e formas de vida imaginados que propõem a substituição de uma ordem por outra e cujo sentido é de um projeto coerente e coletivo. Platão e Thomas More são renomados utopistas. No entanto, as próximas páginas focarão Saint-Simon, Fourier e Owen no que tange suas concepções e suas experiências socialistas. “Socialismo utópico” foi o nome dado por Karl Marx e Engels aos seus antecessores, pois contrapunham àqueles com a sua idéia de socialismo, que chamavam de “científica”. A despeito desta disputa por terminologia, todos estes autores concordavam que alguma coisa não ia bem no mundo em que viviam. O conde Saint-Simon era filho de nobre família da França, após lutar na guerra de Independência dos Estados Unidos da América, renega ao título hereditário, mas não à fortuna de sua família. Tal atitude não é paradoxal, pois não pregava o extermínio dos ricos. Aliás, podemos interpretar isso em seu