socialismo capitalismo e economia mista
Gustavo Adolpho Junqueira Amarante*
Tenho escrito com alguma freqüência que penso que o capitalismo e a democracia, como estão, estão agonizando. Tentarei, a seguir, fundamentar minha crença, já bastante sofrida com a crítica dos entendidos.
O capitalismo, voltou a ser praticado no modo “selvagem” e só tem feito aumentar o abismo entre os ricos e os pobres. Os primeiros acumulam fortunas indecentes e imorais, que sustentam privilégios que deveriam estar mortos e enterrados, juntamente com os tiranos do passado. Ao mesmo tempo em que se locupletam com ganhos inexplicáveis, quando o sistema financeiro que proporciona estes ganhos, colapsa, os ricos socializam o prejuízo por todo o contingente de gentes trabalhadoras e pagadoras de impostos, e encontram sempre um economista de plantão para justificar e endossar as desgraças que se abatem sobre os que não carregam culpa. Também cooptam governos e governantes, distribuindo migalhas gordas para calar consciências e jurisprudências. Aos últimos cabe apenas sonhar com uma mobilidade social quase inatingível e acreditar na lisura do sistema e dos homens que o gerenciam; este tempo está se esgotando, como o demonstram as ocupações de Wall Street e outras.
A democracia, ao que me parece, foi comprada pelo capitalismo selvagem. Serve à um só senhor, o senhor mercado. Presidentes eleitos, primeiros ministros, governadores e demais mandatários, representantes do povo, nada fazem sem a consulta prévia ao tal mercado. Este ente onipresente e todo poderoso nos roubou a voz e a vez, deixando-nos órfãos de representação e de vontade. No segundo escalão deste poder, encontramos grupos de interesse e clãs familiares ou por associação, a quem cumpre aparentar ser a classe média alta ou alta burguesia, como se dizia antigamente. A estes cabe o papel de novos ricos, sempre atolados na orgia da ostentação dos sonhos fabricados e vendidos nos anúncios da televisão e da