sociabilidade e trabalho
Angela Maria Rubel Fanini*
RESUMO:
Neste artigo, analisam-se seis capítulos da obra Eles eram muitos cavalos (2010) do escritor brasileiro Luiz Ruffato, focalizando aí, a partir das teorias da sociologia do trabalho e da perspectiva estético-sociológica, como o texto literário cria e recria o universo do mundo do trabalho. As situações narrativas investigadas revelam que o trabalho, e o seu avesso, o desemprego, são categorias importantes na trajetória das personagens, conferindo-lhes certa identidade e subjetividade e proporcionado-lhes sociabilidade. O trabalho é ainda objeto de desejo, mesmo que precário, efêmero e parcializado. O trabalho regular e permanente confere maior estabilidade e identidade às personagens que dele comungam.
Palavras-chave: Literatura Brasileira. Universo do trabalho. Narrativa contemporânea. Luiz Ruffato.
Literatura e mundo do trabalho
Este artigo vincula-se ao Projeto de Pesquisa denominado, “A formalização discursiva do universo do trabalho em textos literários brasileiros”, em que se procura investigar como se articulam as dimensões da infraestrutura (mundo material) e da superestrutura (mundo imaterial das ideias), admitindo-se que ocorrem múltiplas interações entre esses dois âmbitos. Entende-se que a literatura, sendo uma produção cultural, aproxima-se do mundo do trabalho, representando-o a partir de um prisma que lhe é peculiar e específico. Acredita-se que a partir do texto literário é possível verificar como os escritores brasileiros veem o universo extraliterário do trabalho e como o fazem migrar para o interior do mundo ficcional, representando-o sob diversas maneiras que se constituem simultaneamente em uma visão específica de cada escritor e também em uma certa episteme referente a determinados contextos sociais e temporais.
Temos investigado como ocorrem as construções literárias