Sobre Drogas Maconha
A maconha não é uma espécie originária do Brasil, como atestam documentos da coroa portuguesa do início da descoberta da América do Sul. As caravelas carregavam velas e cordames feitas de fibra de cânhamo, como também é conhecida a planta. Segundo um documento oficial do Ministro das Relações exteriores de 1959, “a planta teria sido introduzida em nosso país, a partir de
1549, pelos escravos (...), e as sementes de cânhamo eram trazidas em bonecas amarradas nas pontas das tangas” (Ministro das Relações
Exteriores, 1959, apud CARLINI, 2005).
O entendimento da maconha como um problema social por parte do Estado, no entanto, tardaria a estabelecer-se no Brasil. Conforme atesta o professor da
Universidade Federal de São Paulo, Elisaldo Carlini (2005), através de documentos oficiais, a coroa portuguesa procurava incentivar a importação das sementes de cannabis sativa para fins econômicos. Exemplo dessa finalidade pode ser associado as cigarrilhas Grimalt, vendidos sem nenhuma prescrição médica e que descrevia diversas propriedades terapêuticas da planta, destacando-se no combate de problemas respiratórios e insônia – características hoje comprovadas cientificamente.
Com o passar dos anos, no entanto, o uso hedonista da maconha foi amplamente difundido, principalmente entre negros, indígenas e outros componentes das camadas mais pobres da população da época como marinheiros e prostitutas. Carlini defende que “pouco se cuidava então desse uso, dado a estar restrito as camadas socioeconômicas menos favorecidas, não chamando a atenção da classe dominante branca” (CARLINI, 2005). É importante evidenciar que, no caso da maconha no Brasil, há um recorte de classes e um recorte racial em torno da proibição.
Nos EUA a maconha também recebeu tais características devido a entrada da droga no país. Juliana Chaibub entende que “ganhou corpo a crença racista de que os empregos dos brancos estavam