sinopse

480 palavras 2 páginas
A peça relativiza a posição de Domingos Fernandes Calabar no episódio histórico em que ele preferiu tomar partido ao lado dos holandeses contra a coroa portuguesa.

Vivia o Brasil sob a opressão do regime ditatorial militar, e era comum o uso das metáforas nas produções artísticas a fim de, por um lado, burlar a censura rigorosa do sistema (sendo popular a figura de Armando Falcão, Ministro da Justiça, encarregado dessa tarefa canhestra) e, por outro, denunciar a situação atual.

Chico Buarque foi um mestre no uso dessas figurações: e o episódio histórico do traidor Calabar, comum em todos os livros didáticos como um dos maiores exemplos de perfídia - serviu de mote para justamente questionar a chamada versão oficial.

Na peça, Domingo Calabar passa de comerciante que visava o lucro e que, por isto, traíra os portugueses e colonos brasileiros - para um quase herói, que tinha por objetivo não o ganho pessoal, mas o melhor para o povo brasileiro (na verdade um conceito ainda inexistente, no século XVII).

A intenção dos autores, porém, não era denunciar um erro histórico, nem tinha a pretensão de promover uma revisão: o alvo era, justamente, o próprio regime militar, sua censura, os veículos de comunicação que, engessados pelas versões dos fatos sempre acordes com o sistema, passavam ao povo imagens que precisavam ser questionadas em sua veracidade.
A segunda peça teatral escrita por Chico Buarque foi “Calabar, o elogio da traição”. Diferente de “Roda Viva”, essa peça fora escrita não apenas por ele, mas com a grande parceria de “Ruy Guerra”. A peça começou a ser escrita entre os anos de 1972 e 1973, durante os anos de ferro do fatídico governo do General Emílio Garrastazu Médici e as vésperas do abril florido da revolução portuguesa. Torturas, sequestros, homicídios permeavam a rotina daqueles dias difíceis, tudo devidamente ofuscado pela censura pós AI-5 e pela arbritariedade do governo da época. Democracia era cada vez mais um desejo ardente esquerdista

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