Sinopse - A profilaxia do Abandono
O texto retrata a infância e a adolescência no contexto do mundo contemporâneo em que a globalização é um impacto para o desenvolvimento das crianças e adolescentes. Os meios de comunicação desenvolvem-se cada vez mais e assim as informações chegam em maior abrangência e cada vez mais rápidas para toda a população, incluindo os jovens que absorvem com mais facilidade e não sabem filtrá-las por ainda não terem maturidade.
Percebe-se também que enquanto os jovens, “perdidos”, buscam se firmar na sociedade e ter a liberdade que tanto almejam, os adultos desejam recuperar a aparência e a vida de adolescente que foram. Assim se submetem a processos invasivos de estéticas, dietas de rejuvenescimento e buscam parceiros sexuais de diferenças etárias significantes. O adulto hoje possui um vazio existencial, adquirindo doenças emocionais como a depressão, por não aceitar o envelhecimento e pela falta de compromisso das relações pessoais com os parceiros, com os filhos e com a sociedade de modo geral.
Surge então nas famílias modernas uma nova hierarquia em que os filhos são o centro da casa, o “Filiarcado”. Pelo fato da mulher ter conquistado espaço no mercado de trabalho, há uma perda da hegemonia dos pais e uma perda da convivência diária que eles tentam minimizar com presentes que as crianças assistem nas propagandas da televisão quando não estão acompanhados por babás ou deixados em creches. Essa falta dos pais faz com que as crianças não aprendam valores morais e assim surgem distúrbios de socialização, dificuldade escolar e uma tendência de desenvolver um comportamento violento que se estende para a adolescência e a vida adulta.
Crianças desamparadas são e serão “os meninos de rua”, independentemente da classe social a que pertence. Enquanto uns furtam bolsas nas ruas, outros furtam a chave do carro do pai. As suas histórias de vida são semelhantes porque retratam o abandono nas mais sofisticadas configurações e nas mais variadas