Silêncio da noite
I
No silêncio da noite
Minha garganta grita sem se ouvir,
Meus braços levantam-se sem se ver,
Meu coração descompassado,
Faz minha boca bravejar até morrer.
Destas pequenas tábuas aqui deitada,
Olho e revejo,
Nasci de um botão de rosa,
Fui adolescente nos seus espinhos,
Fui mulher sobre os picos de um cacto
E vou morrer onde bem escolher.
Minha alma sai de meu corpo,
Ás portas do céu se encontra,
Toco o sino para entrar,
Confusão era certa naquela hora,
Pois de tenra idade até aos mais velhos,
Todos estavam destinados.
Da porta entreaberta, aparece,
Alguém já conhecido para receber,
S. Pedro,
Levanta o dedo e aponta,
A hora de alguns atrasados
Para a terra voltaram,
Para cumprir o destino até morrer.
II
Olhar para tudo sem olhar para nada,
O olhar perde-se no espaço sem retorno, as feridas doem e não cicatrizam,
Quem sabe, esperando mundo melhor, palavras que soam com sentido e valores que se levantam sem estarem sentados.
Caminhar numa rua de sentido único, deparam-se com um beco sem saída,
Paredes grandes sem finalidade e janelas fechadas para o simples ouvinte.
A esperança de uma pequena luz, invade a alma do mais pequeno homem, que cresce como uma flor sem que seja algum dia aparada para que o seu desabrochar seja pleno. Na mão que se espera estendida, sem nunca abrir seu punho,
Leva à solidão, ao homem inteligente que outrora burro se sentiu.
Podemos esperar que os hipócritas se manifestem, que os arrogantes se toquem, que a simplicidade de um simples sorriso mostre que o homem também pode ser o mais atento, o mais sincero e o mais terno.
Homem não sou, mas a mulher está seguindo os passos dele sem errar uma única pedra da estrada.
MT 06/11/2009