silencio das montanhas
Quando lemos um romance, o foco da narrativa se detém na história de determinados personagens e os demais tendem a ficar em segundo plano. O que Khaled Hosseini faz aqui é mostrar que esses outros personagens também têm as suas histórias de vida, seus dramas pessoais e como essas vivências e experiências acabam por influenciar a história dos protagonistas. Você até pode pensar, em determinado momento, “o que isso tem a ver com a história de Abdullah e Pari?”, e perceber logo depois que as histórias se tocam, têm uma relação, e ainda que tênue, importante para o desfecho.
O romance atravessa quatro países (Afeganistão, Grécia, Estados Unidos e França) e seis décadas, mas não de forma linear. A narrativa vai e volta no tempo, atendendo às lembranças dos personagens e deixando a cargo do leitor colocar tudo em ordem para compreender bem a cronologia.
O silêncio das montanhas não é um romance despretensioso e, acredito, poderia ter dado muito errado, se tentado por alguém que não soubesse direito o que queria fazer. Mas o autor sabia, e sabe muito bem contar histórias, por isso o livro funciona. Funciona e emociona, como eu disse lá em cima, embora O caçador de pipas ainda seja o meu favorito.