Segunda Guerra
A chave do Egito
A guarnição de Tobruk, auxiliada pela RAF, pela Marinha Real e pelas colunas móveis de blindados, salvou a Campanha da África, em 1941. À sua heróica resistência, de 242 dias de duração, deveu-se a série de grandes vitórias conquistadas ali pelos Aliados. No azul Mesmo no setor dos tanques, nem tudo na guerra no deserto combate. A gente passava a maioria dos dias procurando contornar a hostilidade do meio e tornar familiares os problemas que tínhamos de enfrentar. Os desconfortos eram aceitos e esquecidos e aprendíamos a passar sem muitas coisas a que estávamos acostumados, como água ilimitada, frutas e legumes frescos, camas, cerveja, a companhia de mulheres e o luxo de, ao anoitecer, poder fugir um pouco ao convívio daqueles com quem havíamos passado todo o dia. Vivíamos na algibeira uns dos outros e inventávamos regras para não nos trucidarmos mutuamente. Os velhos Ratos do deserto que lerem este livro verão que ele constitui uma verdadeira fonte de lembranças: o círculo amplo e perfeito do horizonte; o céu azul sempre a nos cobrir, durante o dia; em noites sem lua, um pálio negro perfurado por centenas de pontos brilhantes; os amarelos, os marrons, os cinzas; a touceira de sal; o espinho de camelo e a grama rija que brotava esparsa, dando a impressão de que os camelos estavam pastando areia. Os nossos sentidos recordam o abençoado alívio da tensão nervosa que vinha quando o khamsin finalmente parava de soprar; o frescor da brisa, noturna depois da fornalha do dia; o frio penetrante das horas que precedem o amanhecer; as canções, “Saída Bint”, “Lili Marlene” (que os veteranos sempre cantavam em alemão) e a irreverente “Rainha Farida”, berrada com a melodia do hino nacional egípcio; o gosto de carne enlatada, quase sempre muito gordurosa, de batata e repolho desidratados, reconstituídos com água salobra misturada com cloro, de “biscoito burger”, uma mistura de biscoito do exército, partido, leite enlatado e xarope