Segunda Guerra Mundial
Mestre em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Professora aposentada do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Quem foi torturado permanece torturado. (...) Quem sofreu o tormento não poderá mais ambientar-se no mundo, a miséria do aniquilamento jamais se extingue. A confiança na humanidade, já abalada pelo primeiro tapa no rosto, demolida posteriormente pela tortura, não se readquire mais.
(Jean Améry, filósofo judeu austríaco, torturado pela Gestapo e depois deportado para Auschwitz.)1
“Devemos ser escutados (...) é preciso repetir: tal barbárie aconteceu há
pouco mais de meio século. Pode acontecer de novo.”, diz Primo Levi (LEVI, Primo,
1990 p.123-4). E para serem escutados, escreveram, embebidos em memória recente do
Holocausto ou dos sobreviventes dele, entre tantos, Primo Levi (O que é isso um homem; A trégua; Os afogados e sobreviventes), Alain Finkielkraut (A memória vã), Elie
Wiesel (A noite e relatos), Claude Landzmann (Shoah), Otto Heinrich Frank (O diário de Anne Frank), Paul Celan (o célebre poema Morte em fuga – Todesfuge, publicado originalmente em romeno, inspirado em Plegaria, tango argentino que tocavam as orquestras de prisioneiros nos campos de concentração, daí ter recebido primeiro o título de Tango de la muerte); e outros bem mais recentes, resgatando a memória distante, como o cartunista americano Art Spiegelman (Maus, polêmica novela gráfica, em HQ),
Shlomo Venezia (Sonderkommando: no inferno das câmaras de gás), Jennifer Roy (A estrela amarela), Tailor Diniz (A sobrevivente A21646), todos com textos mais ou menos literários, autobiográficos, testemunhais ou ficcionais, mas sempre contundentes e carregados da pulsão da morte. Não menos contundente e não menos carregado da pulsão da morte, é o há