Saúde Coletiva
E DE UM CONCEITO
Everardo Duarte Nunes *
Resumo: O presente trabalho procura resgatar de forma sintética a trajetória histórica e conceitual da "Saúde Coletiva", evidenciando as suas raízes nos projetos preventivistas e da medicina social. Estes projetos, que se estenderam a partir dos anos 50 e que culminam com a idéia da chamada "Saúde Coletiva", apresentam aspectos que os diferenciam na apreensão do social e do coletivo.
Ao tratar especificamente da idéia de uma Saúde Coletiva, o texto aponta para a sua tríplice dimensão: como corrente de pensamento, como movimento social e como prática teórica.
Ao recuperar historicamente as idéias e os momentos que, num passado não muito distante, forneceram as bases para a emergência de um projeto denominado de saúde coletiva, podemos situar, para a América Latina, como data de referência inicial, a segunda metade dos anos 50, embora a sua trajetória não seja a mesma para todos os países latino-americanos. Assim, a partir de um núcleo inicial bastante homogêneo, para o Brasil a especificidade que iria adquirir a chamada Saúde Coletiva tomar-se-ia bastante evidente. Dessa forma, a fase que se estende por cerca de quinze anos, e que denomino de "pré-saúde coletiva", foi marcada pela instauração do "projeto preventivista" A segunda fase, até o final dos anos 70, não isola os ideais preventivistas, mas reforça a perspectiva de uma
"medicina social", e, a partir de 80 até a atualidade, vai se estruturando o campo da "saúde coletiva". Lembramos que a divisão cronológica adotada é feita a partir
• Professor e pesquisador - Faculdade de Ciências Médicas/UNICAMP.
de um conjunto de eventos que marcam uma mudança de perspectiva em relação ao social e ao coletivo, e mesmo sendo abordagens diferentes, que não podem ser confundidas, é possível encontrar no período mais recente aspectos das etapas anteriores. Como tem sido abordado por estudiosos desse período, a