santo agostino
Agostinho se propôs como modelo de moral para os homens, não por sua perfeição, mas por sua busca filosófica. Desde a infância até a senilidade mostrou-se uma pessoas aberta ao diálogo, e por isso, sempre polêmico. Conseguiu como poucos tocar as várias pontas dos extremos, ambicionando resolver racionalmente as demandas do cérebro e da alma, sem, no entanto, conseguir tamanho empreendimento. Legou, a bem da verdade, material bélico suficiente para que os guerreiros da razão bombardeassem seus contrários, e munição não faltou para que agostinianos de vários tipos se armassem até os dentes. Mas nem tudo saiu como Agostinho idealizou. Pensemos naquele cristão que tenha superado a concepção mundana da existência. Chegou ele ao zênite do conhecimento perfeito e descobriu que esta vida é mera ilusão, por que a relatividade das coisas não permite a absolutização da verdade.
Queria Agostinho conduzir os homens ao mundo das idéias. Mas isto mostrou-se impossível, por que a cidade dos homens é o contexto relativizador da existência dos mortais.
Resta a Platão reduzir seu discurso filosófico a um comodismo existencial, vivendo o senso comum com os demais, embora viva consigo e pera si no mundo das idéias.
Exemplo prático é o mito da morte. Quem de nós ousa abraçar o nihilismo, a nadificação do ser, a aniquilação absoluta da vida? É tão mais lógico acreditar no além-túmulo! Eu mesmo não dou um passo sequer em direção ao ateísmo nadificante da existência. Não consigo, nem com a ajuda de Sartre, conceber a vida como um projeto de poucos anos e nada mais. Neste caso, fico com o senso comum de milênios de humanidade: há algo mais além, aguardando a humanidade, no além