Sabedoria Extrema Kalathenisom

9056 palavras 37 páginas
Oliveira, Thiago Azevedo Sá de. O romance 'Homens e caranguejos' de Josué Castro: A contemporaneidade no tempo narrativo da memória.

O romance 'Homens e caranguejos' de Josué Castro: A contemporaneidade no tempo narrativo da memória

Thiago Azevedo Sá de Oliveira1

O ‘marco-multidimensional’ do contemporâneo: as imagens simultâneas da narrativa

“Banguê”

“Claro canário canta o amarelo dos cajás. O canto ácido (o trino de ágata) corta a tarde e martiriza as cajazeiras com seus frutos de tempo.
O tempo corrompido. E a ferrugem nos dentes das moendas lança um grito.
As moendas revivem e seus dentes mordem (cana sobrevivente) a terra.
O tempo corrompendo. E as lembranças reacesas nas fornalhas e revivas ruínas. Melões-de-são-caetano sobem a vertical tristeza dos boeiros.
O tempo corrompido e corrompendo.
O tempo antitempo renascendo.”
(Garibaldi Otávio) 2

1

Mestrando em Estudos Literários pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará
(UFPA). Bolsista CAPES.
2

Otávio, 2009, p. 16.

Brasiliana – Journal for Brazilian Studies. Vol. 3, n.1 (Jul. 2014). ISSN 2245-4373.

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Oliveira, Thiago Azevedo Sá de. O romance 'Homens e caranguejos' de Josué Castro: A contemporaneidade no tempo narrativo da memória.

Na contemporaneidade, período às avessas cuja “marca” identitária se constitui no abalo das formas estáveis de ação e de interpretação do homem no mundo, abre-se, com efeito, a ideia da brevidade e de fragmentação da memória como fissuras que incomodam e “acomodam”, ao menos momentaneamente, a configuração estética do cronos. No entorno dos romances afinados com a dimensão transitória do real se dando e se esvaindo sempre novo no espaço figurado da linguagem, o texto de Homens e caranguejos, escrito originalmente em francês, no ano de 1966, por Josué de Castro, durante o exílio em Paris e, traduzido no ano seguinte para o português, emerge na tentativa de dar conta da metáfora que

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