Romantismo
Geysa Silva geysasilva@terra.com.br O mito é o meio de que o homem lançou mão para explicar o inexplicável, na tentativa de situar-se no mundo e compreender a si mesmo. Foi o mito que humanizou a presença dos seres inanimados e propiciou o controle do medo diante das forças da natureza. Assim como a poesia, o mito recria a realidade e elabora as experiências vividas sem a lógica do racionalismo, obedecendo apenas a uma fabulação. Entretanto a poesia é quase sempre obra individual, enquanto o mito é coletivo, resultado de contingências que variam no tempo e no espaço, daí as narrativas diferenciadas diante de um fenômeno igual ou semelhante, conforme a cultura que o apresenta.
É essa concepção mítica da realidade que humaniza, progressivamente, o mundo hostil que rodeia o homem racional, consciente da precariedade de sua condição mortal. O surgimento do mito se dá no justo momento em que as forças difusas do não-natural (ou do sobrenatural), a princípio indiferenciadas e obscuramente pressentidas, passam a encarnar-se e a individualizar-se em seres mais ou menos divinos (Horta,1990,
p. 19).
Com essa postura diante do assunto, veremos, de forma interdisciplinar, como se apresenta o tema da sedução, em contos destinados ao público infanto-juvenil, a partir de pressupostos teóricos da crítica literária e da análise do discurso. Assim, serão visitados tanto
Orlandi, Fávero e Koch como Rougemont e Werner, entre ouros. Acreditamos que o estudo da linguagem permite uma abordagem diversificada, sob a ótica de disciplinas cujo objeto, muitas vezes coincidente (no caso o discurso), pode ensejar leituras múltiplas.
Sabemos que o mito do amor-paixão freqüenta a literatura, desde seus primórdios,quando, na Ilíada e na Odisséia desencadeia os eventos que marcaram a arché dos gregos e onde se vê o poder de sedução do feminino que encanta o masculino, mas também o leva á perdição. Helena, símbolo da beleza