"rolezinhos"
Acho essa última invenção brasileira, o rolezinho, um atestado de pobreza da juventude da periferia. Se a garotada invadisse shoppings para protestar contra a sociedade de consumo, ainda vá lá, seria digno da inquietude e rebeldia que até pouco tempo caracterizava os jovens. Antes fosse.
Alguns sociólogos de última hora, adeptos da coitadização de tudo, já se apressaram em enxergar nessas invasões a afirmação do direito universal ao consumo — que sempre foi exclusivo das classes médias e altas. Blablablá. Conversinha. Não contem comigo para ver algo que preste em uma geração cujo principal ideário é ter tênis de marca, roupas de grife e bugigangas eletrônicas. Essas micaretas de gente frustrada não levam a lugar nenhum. Bons tempos em que revolucionário era ser contra o sistema, e não a favor dele.
O que vinha chamando a atenção é que esses rolezinhos eram feitos em locais afastados das chamadas regiões nobres. Era curioso que levassem pânico para centos comerciais mais humildes, como em Guarulhos e Itaquera, em vez de mirarem nos verdadeiros templos da ostentação capitalista, localizados nos bairros abastados.
Tinha razão quem notou esse traço de covardia no “movimento”. Basta ver o fiasco quando a galera foi convocada a comparecer no Shopping Iguatemi, esse, sim, um ícone de respeito. Que nada. Amarelaram feio, os bundões. Talvez desconfiassem que lá a conversa fosse outra — como de fato foi.
Aí que essa história complica. E o estado brasileiro aparece, como sempre, para piorar o que já está ruim. Mais do que depressa, a Justiça ordenou que a Polícia Militar fosse fazer a segurança de um empreendimento privado. As providências foram tomadas com uma prontidão espantosa para quem conhece a morosidade, a ineficiência e o descaso com que são tratados problemas semelhantes, mas em lugares menos privilegiados.
Tumultos, transtornos e perturbações da ordem pública acontecem em dezenas de locais na