Ritmo e modo da evolução microbiana pré-cambriana
RESUMO
No decorrer do último quarto de século, semelhanças detalhadas, em níveis de gênero e espécie, entre microfósseis pré-cambrianos e cianobactérias atuais, têm sido repetidamente anotadas e consideradas significativas biológica e taxonómicamente por grande número de pesquisadores espalhados pelo mundo. Estas semelhanças são particularmente bem-documentadas em membros das Oscillatoriaceae e Chroococcaceae, as duas famílias cianobacterianas pré-cambrianas mais amplamente distribuídas e abundantes. Em espécies de duas outras famílias, as Entophysalidaceae e Pleurocapsaceae, semelhanças morfológicas, em nível de espécie, entre fósseis e formas modernas apoiam-se em comparações profundas, abrangendo ambiente, tafonomia, desenvolvimento e comportamento. Morfológica e, provavelmente, fisiológicamente, tais fósseis vivos cianobacterianos evidenciam uma taxa de mudança evolutiva extraordinariamente lenta (hipobraditélica), evidentemente em conseqüência da larga tolerância ecológica característica de muitos membros do grupo, constituindo, assim, notável exemplo da "regra de sobrevivência dos relativamente pouco especializados", elaborada por Simpson. Tanto no ritmo quanto no modo de evolução, muito da história pré-cambriana da vida - aquela parte que foi dominada pelas microscópicas cianobactérias e outros procariotos - parece ter sido marcadamente diferente da evolução mais recente, fanerozóica, dos organismos eucarióticos, megascópicos, especializados e horotélicos. Ritmos de evolução
No seu livro Tempo and mode, Simpson (1994) cunhou termos para "três distribuições de taxas [evolutivas] decididamente diferentes", inferidas a partir de comparações entre táxons atuais e fanerozóicos: taquitélica, para linhagens de evolução rápida; horotélica, a distribuição padrão, "normal", de taxas evolutivas típicas da maioria dos animais fanerozóicos; e braditélica, para evolução morfológica lenta. Incluídos entre as