Rio + 20
Tal como Atlas, o titã mitológico que suportava a abóbada celeste, o peso das diretrizes do mundo foram decididas pelas empresas transnacionais e Estados reféns do capital. Passada a Conferência da Rio+20, o mundo não vislumbra no horizonte perspectivas de melhoras.
Podemos sintetizar os fracassos da reunião de chefes de Estado em dois pontos simples, a escolha da sede dessa reunião e a ausência de vozes sociais no cerne da questão. No contexto de cidade global, o Rio de Janeiro demonstra ao mundo ser um modelo de (in)sustentabilidade, onde a fragmentação territorial se acelera por força dos grandes investimentos articulados pelo binômio financeiro-imobiliário e se potencializa de forma cada vez mais veemente uma limpeza social. Tais problemas são redimensionados em escala nacional trazendo a tona a insustentabilidade cada vez mais aguda existente no Brasil.
A exclusão da sociedade nas deliberações sobre futuro do planeta é outro motivo do fiasco da Rio+20, como privar a voz daqueles que padecem no centro dos problemas gerados pela posição hegemônica capitalista. Questionamentos sobre o modelo de desenvolvimento assentado no consumo desenfreado são preteridos enquanto se discute a criação de uma nova classe média consumista nos moldes norte-americano, reduzindo a atuação de políticas de combate as desigualdades. O reducionismo financeiro ao qual se ateu discussão possibilitou aos capitalistas campo livre para alastrar suas concepções de desenvolvimento sustentável e soluções para a diversidade de problemas que perpassam do âmbito social ao econômico.
A disseminação da economia verde como saída para as mazelas da relação capitalista com o meio ambiente representa a capacidade do mercado de se redirecionar sempre que suas margens de lucros sofrem algum déficit . Neste contexto, tudo é enxergado a partir da óptica capitalista, penetrando, criando e absorvendo simbolismos nos quais antes eram impensáveis vislumbrar valores e cifras. A