Revolução fracensa

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REVOLUÇÃO FRANCESA: DE 1789 A 1989
IVO TONET*
A comemoração do bicentenário da Revolução Francesa é um momento muito oportuno para fazermos algumas reflexões sobre as perspectivas do mundo atual.
Estas três palavras — liberdade, igualdade, fraternidade — trazem à nossa mente, de um ou de outro modo, uma outra idéia, que é a da emancipação da humanidade. Esta idéia, que poderíamos caracterizar, genericamente, como sendo a aspiração dos homens de escapar do domínio das forças da natureza, pondo-as ao seu serviço e, ao mesmo tempo, eliminar os males sociais tais como a fome, a pobreza, a miséria, as guerras, a escravidão, a exploração e a dominação, é muito antiga.
Desde a lenda do Paraíso Terrestre bíblico, passando pelas diversas sociedades utópicas criadas ao longo da história do pensamento ocidental, sempre esteve presente esta vontade de construir uma sociedade que funcionasse harmoniosamente e na qual a abundância de riquezas permitisse a satisfação das necessidades de todos.
O processo revolucionário francês, cuja gestação levou décadas e cujo ápice foi atingido em
1789, foi um momento de extraordinária importância na perseguição deste objetivo.
Com efeito, durante centenas de anos e até de alguns milênios, a idéia da emancipação foi, de fato, muito mais uma idéia do que uma possibilidade real. Faltavam as condições objetivas para que ela pudesse tornar-se realidade. Atraso, pobreza, miséria jamais permitiriam nem permitirão a construção de uma sociedade de homens livres, iguais e fraternos.
As condições materiais para que esta idéia pudesse tornar-se real somente começaram a configurar-se quando o capital passou a ser a força propulsora do processo histórico. Não que ele já não estivesse presente de longa data. Antes, porém, de apoderar-se da direção do conjunto da sociedade, ele era um componente entre outros, cada vez mais importante, mas cerceado em seus movimentos pelos laços do sistema feudal.
A revolução burguesa, em especial o

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