Revolução dos Bichos
À primeira vista, “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell --que chega amanhã às bancas-- , é só uma genial sátira à Revolução Russa (1917). Sua narrativa relaciona pessoas, animais e eventos às transformações ocorridas na Rússia (ou URSS) no século 20. Todavia, embora Orwell tenha buscado mostrar uma época específica, sua obra pode --e deve-- ser vista como uma alegoria a qualquer revolução em que os mais fracos tomam o poder e, em seguida, são por ele corrompidos.
A ação ocorre na Granja do Solar, dirigida pelo Sr. Jones, que tem sérios problemas de alcoolismo e maltrata seus animais. Publicada em 1945, no auge do regime stalinista, “A Revolução dos Bichos” já começa com essa alusão ao final do czarismo. Afinal, o czar Nicolau 2º era conhecido por seu pouco apreço pela população, preferindo falar francês a russo, segundo relatos históricos, e tinha uma queda pelo álcool.
Não faltam paralelos entre personagens do livro e da Revolução Russa. O velho Major, porco sábio e professoral, é uma mistura de Karl Marx, famoso por ter transmitido suas crenças socialistas por meio de textos, repletos de conteúdo revolucionário, baseados na economia e na filosofia, com o Lênin idealista do princípio da revolução. É Major que espalha as sementes da revolução na Granja do Solar, que se tornará a Granja dos Bichos.
A exemplo de Marx, foi só após a morte de Major que seus ideais igualitários foram aplicados. Aí surgem Bola-de-Neve e Napoleão, os dois porcos que comandarão o levante dos animais contra o Sr. Jones. Napoleão, partidário do totalitarismo, foi criado para representar Stálin, o mais sanguinário dos líderes soviéticos. Bola-de-Neve tem destino similar ao de Trótski, transformando-se, à custa de muita propaganda, no “inimigo da revolução”.
Os cavalos Sansão e Quitéria representam o proletariado. Sem acesso às informações, eles crêem no que lhes conta Garganta, porco que é uma alegoria aos