RETRATO DO COLONIZADOR
3366 palavras
14 páginas
Literatura Portuguesa IIIFichamento- Parte I
O Retrato Do Colonizador
Os motivos econômicos do empreendimento colonial estão, atualmente esclarecidos por todos os historiadores da colonização; ninguém acredita mais na missão cultural e moral, mesmo original, do colonizador. Em nossos dias, ao menos, a partida para a colônia não é a escolha de uma luta incerta, procurada precisamente por seus perigos, não é a tentação da aventura, mas a da felicidade. (p.22)
A aventura comportaria mais imprevisto: essa expatriação, no entanto, mais certa e de melhor qualidade, teria sido de duvidoso proveito: a expatriação colonial, se é que há expatriação, deve ser, antes de mais nada, bastante lucrativa. Espontaneamente, melhor os técnicos da linguagem, nosso viajante nos proporá a melhor definição da colônia: nela ganha-se mais. (p.22)
Pelo fato de ser percebido mais tarde, o sentido econômico da viagem colonial nem por isso deixa de impor-se, e rapidamente. O europeu das colônias pode também, é claro, amar essa nova região, apreciar o pitoresco dos seus costumes. (p.22)
Quando, nestes últimos anos, com a aceleração da história, a vida se tornou difícil, frequentemente perigosa para os colonizadores, foi esse cálculo tão simples, porém irrespondível, que os reteve. Mesmo aqueles que na colônia são chamados aves de arribação não manifestaram excessiva pressa em partir. Alguns, considerando a volta, puseram-se a temer, de forma inesperada, uma nova expatriação: a de se reencontrarem em seus país de origem. Podemos acreditar em parte; deixaram seu país há muito tempo, e nele não tem mais amizades vivas, seus filhos nasceram na colônia e na colônia enterraram seus mortos. Mas, exageram sua dilaceração; se organizaram seus hábitos quotidianos na cidade colonial e, para ela importaram e a ela impuseram os costumes da metrópole, onde passam regularmente suas férias, de onde recolhem suas inspirações administrativas, políticas e culturais, é para a metrópole que seus olhos