Resumo- A lingua, a mulher e a presidneta
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A LINGUA, A MULHER E A PRESIDENTAPor MARCOS - 05/08/2013 às 00:00
Circulou recentemente nas redes sociais um texto tipicamente purista e conservador, que reacendeu a falsa polêmica gramatical em torno do uso do substantivo feminino presidenta. A polêmica é falsa porque, sob o disfarce da gramática, o que está realmente em jogo é a reação de determinados setores da sociedade, do lado conservador do espectro ideológico, à ascensão ao cargo máximo do poder de uma mulher e, não só, de uma mulher vinculada a um projeto político que se identifica com as forças convencionalmente chamadas de esquerda. Muitos analistas políticos já disseram, em tom de ironia, que o Brasil é o único país do mundo em que as forças conservadoras da sociedade, a começar pelos grandes conglomerados de comunicação de massa, querem derrubar um ex-presidente... De fato, todas as manifestações de ataque conservador ao governo da presidenta Dilma Rousseff têm representado, ao fim e ao cabo, uma evidente tentativa de combater a inabalável popularidade do ex-presidente Lula e de criar alguma barreira a uma possível nova candidatura dele à presidência.
No entanto, vamos deixar de lado o que é estritamente político-partidário e nos concentrar no que é político-linguístico. Por que não digo apenas linguístico? Porque não existe língua fora de sociedade, e todas as relações sociais são relações inevitavelmente políticas — fazemos política o tempo todo, até mesmo (e talvez sobretudo) dentro de casa, nas nossas relações com @ espos@, com @s filh@s, com @s empregad@s e até mesmo com noss@s cachorr@s e gat@s. Sim, eu uso o símbolo @ para denunciar a falsa neutralidade do gênero gramatical masculino como forma “não marcada” — e isso é política linguística.
As pessoas que se valem do discurso do “amor à língua portuguesa” e da “defesa da língua” sempre fazem isso recorrendo a argumentos de autoridades como os “grandes escritores” (os chamados “clássicos da língua”) e, principalmente, os gramáticos e