resumo : livro de Maria Lúcia de Arruda Aranha
— Em museu só tem velharia.
— Ah, não adianta ir a museus, porque eu não entendo nada de arte.
— Arte moderna, nem pensar. Esses ca¬ras fazem uns rabiscos, uns borrões e dizem que é arte moderna.
— E as esculturas? Amarram uns ara¬mes e ganham prêmios.
Arte é interpretação do mundo
Arte antiga, arte contemporânea, ar¬tesanato, arte popular, arte figurativa, arte abstrata. Que confusão! Tudo é ar¬te? Ou só o que está no museu? Quem escolhe o que vai para o museu?
Vamos tentar começar do começo, estabelecendo algumas distinções e res¬pondendo a uma pergunta de cada vez. Em primeiro lugar, deixemos de la¬do essas divisões da arte e pensemos um pouco sobre arte como forma de o homem marcar sua presença, criando objetos (quadros, filmes, musicas, es¬culturas, vídeos etc.) que oferecem uma interpretação do mundo tanto quanto uma frase. Só que em vez de dizer as coisas são assim, ele mostra, através da sua criação, que as coisas podem ser assim. Esta, então, é uma das primeiras ca¬racterísticas da arte: o objeto artístico fa¬la à nossa imaginação, deixa ver/ouvir/sentir o que poderia ser. E, desse ponto de vista, não existe arte verda¬deira e arte falsa. Não existe mentira em arte. Porque a arte não existe para mos¬trar a realidade como ela é, mas como pode ser. E as faces do poder ser são muitas. Daí, muitos tipos de arte.
Aprofundando um pouco esta idéia, vemos que, no mundo atual, a função da arte e o seu valor não estão no co¬piar a realidade, mas sim na represen¬tação simbólica do mundo humano.
Assim, a arte também é um dos mo¬dos pelos quais o homem atribui senti¬do à realidade que o cerca, e uma for¬ma de organização que transforma a ex¬periência, o vivido, em objeto de conhe¬cimento, sendo, portanto, simbólica. (Ver também Prólogo, Aprendendo a ler o mundo, e Cap. 3, O que é conhe¬cimento.)
Mas como se dá esse conhecimento?
Do lado do artista que cria a obra, ele parte da intuição, isto é, do conheci¬mento imediato da forma concreta e