Resumo do Cap. IX do Livro: Textos em Representações Sociais: Eu não, meu grupo não: Representações Sociais Transculturais da AIDS (p. 297 a 324)
A AIDS como condição estrangeira
Quando confrontadas com doenças epidêmicas incuráveis – tanto histórica como transculturalmente – as pessoas responderam: “Eu não”, “O meu grupo não”. Quando a sífilis começou a varrer a Europa, no século 15, as respostas foram semelhantes, e nos oferecem um exemplo clássico: “Era a mancha francesa para os ingleses, a morbus Germanicus para os parisienses, a doença de Nápoles para os florentinos, e a enfermidade chinesa para os japoneses.” (Sontag, 1989:47) Desde a década passada, a AIDS – nova doença epidêmica – também tem siudo ligada a nações estrangeiras e a grupos marginais. No Ocidente, sua origem é geralmente localizada na África. Os africanos, por sua vez, tendem a situar a origem da AIDS no Ocidente – relacionando-a com o colonialismo e imperialismo. Além de ligar a AIDS a nações estrangeiras, cada cultura específica também a associa com certos grupos marginais: homossexuais e drogados no Ocidente, e mulheres, incluindo prostitutas, no mundo subdesenvolvido. (...) Podemos observar que as representações sociais da AIDS muito provavelmente se estruturam em torno de um “núcleo central” (Abric , 1983, 1993) que tem a “condição estrangeira” e o “outro” como conteúdo principal. (p. 297 e 298)
Por que estrangeira?
Eu acredito que uma das formas primeiras, pela qual as pessoas se defendem de medos associados à AIDS, é através da projeção da responsabilidade por sua origem e seu desenvolvimento em outros, distanciando-se, desse modo, da situação ameaçadora. (p. 299)
Metodologia
Entrevistas em profundidade, semi-estruturadas, com sessenta jovens sul-africanos e britânicos, homens e mulheres, escolarizados, não especialistas, foram realizadas nos início de 1990. Em cada uma das duas culturas, a amostra se compôs dos seguintes grupos: 10 heterossexuais