Resumo: Deus ou diabo nas terras de santa cruz
1336 palavras
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"Trazer seu homem de volta,curar maleita, ânsias no coração, bexiga caída, encontrar coisas perdidas, fazer emplastos, garrafadas, com os mais estranhos ingredientes - como o sêmem da pessoa que se quer atingir, fazer o vodu, costurar um patuá - enfim a colônia - purgatório do século XVII - XVIII - se encontrava envolvida numa nuvem de crendices, superstições, medicina alternativa, comportamentos estranhos dos colonos que agiam tanto para o bem quanto para omal. Indios, Brancos e Negros se misturavam nesse universo brasileiro de magias e feitiçarias." O recorte feito das práticas mágicas nesse livro engloba desde os desvios e heterodoxias dos colonos em relação á Santa Madre Igreja, com suas chantagens, sadismos aos santos, com sua economia de troca entre devoto e oráculo, contratos de promessa e dívidas, até "trabalhos" de feitiçaria e bruxaria como adivinhações, curas, benzeduras, mandingas, sabbats, vodus, passando pela questão do corpo feminino, tratado como abrigo certo do demônio, e remédios da extensa flora tropical usados para combater as desgraças do corpo, vindas com certeza de atos de feitiçaria. A discussão do significado dessas práticas engrossou a historiografia da Nova História Cultural por trazer implícita questões como a tensão social existente na sociedade escravista, questões de resistência e acomodação ao sistema, sobrevivência material e a busca ou ligação com o espiritual, alternativa para novas maneiras de continuar sendo cristãos na colônia . "O mar era o espaço por excelência do medo: era o domínio privilegiado por Satã e as forças infernais"(pg185).As mulheres eram impelidas a fazer feitiços de saudade e medo pela vida de seus maridos e filhos envolvidos na faina ultramarina; aprendiam seus segredos com os diabos que muitas vezes moravam em embarcações ou nas profundezas oceânicas.As saudades da Europa eram sanadas pelas invocações. Era o demônio que lhes permitiria ir da Colônia ao Reino em uma só noite. A vida religiosa na