Resumo As vozes do TELEJORNAL
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São Paulo: Senac, 2000.AS VOZES DO TELEJORNAL
Dentre os gêneros televisuais mais conhecidos, o telejornal talvez seja o tópico mais difícil de abordar.
A meu ver, o principal problema com relação às abordagens tradicionais do telejornal é que elas se restringem apenas à análise de conteúdos.
Uma prova de que o público filtra e opera "leituras" diferenciadas daquilo que vê na televisão é o seu próprio comportamento diante do telejornal. Vamos começar a análise do telejornal examinando um filme de ficção. Típica temática dos tempos da guerra fria, semelhante em vários aspectos a um clássico da televisão: The War Game (l 965), de Peter Watkins. Para se ter imagens dos acontecimentos significantes da história, foi preciso imaginar, de início, uma situação excepcional, em que um repórter e um cinegrafista da rede de televisão eram feitos prisioneiros dos terroristas, de modo que estes pudessem negociar com o governo "pelo ar". Ao longo da história ("contada", entretanto, como um relato de telejornal), a dupla de apresentadores desfiava o fio da trama chamando os seus vários correspondentes e também "editava" o filme à medida que os colocava no ar. Nada podia ser mostrado, se não estivesse, ao mesmo tempo, enquadrado pelas câmeras dos cinegrafistas e reportado pêlos repórteres e correspondentes da rede. Ou seja: a enunciação do evento mostrava-se explicitamente como condição fundante do relato e a mediação do staff televisual aparecia como um fato da própria estrutura significante do telejornal, sem a qual não haveria mensagem alguma.
No telejornal, entretanto, só existem mediações; os próprios enunciados de repórteres e protagonistas aparecem como mediações inevitáveis e como a condição sine qua non do relato telejornalístico. No jornal impresso, uma notícia poderia ser apresentada da seguinte forma ao leitor: "Um grave acidente envolvendo um automóvel de passageiros e um caminhão de transporte de mercadorias aconteceu ontem às 18h40 no km 300 da Rodovia