Resignificações do corpo a partir dos avanços da ciência e da tecnologia
Pode o Monstro Deixar de Ser Monstro?
Resignificações do corpo a partir dos avanços da ciência e da tecnologia
Emanuel Marcondes de Souza Torquato1
1.Introdução
Estamos experimentando atualmente uma verdadeira invasão dos monstros.
Zumbis, vampiros, lobisomens, orcs, ogros, gigantes, dragões, animais híbridos, alienígenas e todo tipo de criatura estranha saíram do imaginário da literatura do grotesco para ganhar um lugar especial em nosso dia-a-dia através de um crescente número de filmes e seus subprodutos mercadológicos. Acrescentemos ainda a estes monstros os ciborgs, figuras tecnológicas monstruosas oriundas da literatura ciberpunk e dos filmes de ficção científica.
Habitantes, em outros tempos, dos relatos fantásticos sobre o diferente, o perigoso e o estranho, na contemporaneidade, manifestam-se por vezes em figuras bonachonas e cômicas. A imagem do monstro bonzinho e que encanta e diverte as crianças, ou mesmo do monstro herói e justiceiro, parece dividir espaço com o personagem de terror, numa tentativa de amenizar o significado de tão numerosa presença. O fato é que criou-se uma cultura do consumo em torno do tema monstros, indo desde os espetáculos de rock horror show e música pop, à camisetas com caveiras de apliques, joias, jogos eletrônicos, ou até mesmo biscoitos ou chocolates temáticos. Realizam-se ainda, em muitos lugares, feiras para a diversão ou negócios em que a atração principal são os monstros.
Para além do sentido cômico ou de terror que as manifestações dos monstros apresentam, trazemos uma inquietação a partir da vertente tecnológica. À luz dos novos avanços científicos e tecnológicos e da influência que exercem sobre a cultura atual, mostra-se importante compreender como os ciborgs estão engendrando um abalo na noção tradicional de corpo e subjetividade. Trata-se de um verdadeiro impacto que essa cultura do consumo em torno dos monstros exerce, a partir dos ciborgs, sobre a corporeidade, revelando-a