Resenção de livro Contra a Corrente

Recensão crítica ao livro «Contra a Corrente», de Graça Alves.
Ana Cristina Mendonça
Universidade da Madeira
Graça Alves (2011), Contra a Corrente (102 pp.). Porto: 7dias 6 noites

“O céu derramou-se em estrondos líquidos sobre a cidade. Na manhã desse dia 20, rebentaram as águas à terra e a montanha partiu o desamparo num leito de dor e de morte.” (pp. 9)
Assim começa a obra publicada no Porto pela editora 6 dias 7 noites em
2011. “Contra a Corrente” foi inspirada na tragédia que ocorreu na Madeira, sendo mais intensa no Funchal, a 20 de Fevereiro de 2010, e todos os lucros remetem para os Bombeiros Voluntários Madeirenses como forma de os homenagear pelos trabalhos feitos a nível de resgate e de limpeza.
Graça Maria Nóbrega Alves é uma escritora e professora madeirense. Já escreveu diversos livros entre os quais vários romances, estórias infantis e livros de contos, “Contra a Corrente” é o seu penúltimo livro publicado. O livro está dividido em seis contos e duas crónicas, uma crónica inicial que explica resumidamente a tragédia que ocorreu na ilha da Madeira, e uma crónica final que funciona como agradecimento a todos os que ajudaram nos resgates e limpezas durante e após o temporal. É apresentado com uma escrita simples, metafórica e muitas vezes poética (“O sol apagou-se”(pp.31); “À noite, a lua vinha dormir com ele.” (pp. 41)), com frases curtas e médias de forma a não cansar o leitor. Os contos possuem um caráter emocional e estão todos, direta ou indiretamente, ligados ao temporal, são escritos de formas diversas, narrados na primeira pessoa
(conto “A tia velha” é exemplo disso) ou terceira pessoa (como no conto “Sábado”), uns mais descritivos e outros com mais diálogo.
Manifestando uma atitude de solidariedade, este livro foi escrito em memória de todos aqueles que perderam familiares, amigos e bens por conta das fortes chuvas, todos os contos têm um forte caráter emocional, no qual a escritora deixa transparecer a sua religiosidade e o seu companheirismo