Resenha: a careira de machado de assis
Magistralmente o autor solta 'dicas' do comportamento das personagens ao longo da narrativa, como um quebra-cabeça que só se completa com o desfecho e, na maioria das vezes, surpreende o leitor. Trata-se então de duas questões: devolver o dinheiro e cumprir com o valor ético, respeitando a propriedade alheia ou satisfazer o desejo individual claramente negativo?
O bem e o mal são constantes nas nossas atitudes. Fazer ou não fazer? No conto Honório está 'invisível', ninguém o viu pegar a carteira (quem viu achou que fosse dele mesmo) e isso torna a moral apenas 'interna', já que existe a moral instigada por elementos exógenos (não poderia ter a mesma atitude se alguém o visse e soubesse não ser dele a carteira). Honório mente, a princípio, para a única possível testemunha, depois para si mesmo. Dá desculpas e justifica sua atitude, igualando a possível falta de honestidade de outros para se sentir menos culpado: "se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entrega-lha...".
Outro ponto é a necessidade, grande 'inimiga' da ética. Honório estava realmente necessitado daquele dinheiro (que não era dele, mas ninguém sabia). Antes de achá-la já havia a intenção de pagar uma dívida que a princípio ele não tinha como. E ali, 'milagrosamente' estava a solução de muitos problemas.
Honório é um personagem típico Machadiano por representar bem a sociedade da época. Honório é advogado (profissão que carrega pejorativamente a fama de desonestidade), vive de dívidas e aparências que precisa sustentar por viver numa sociedade burguesa. É um homem orgulhoso por não aceitar sua condição limitada e decadente. Todos esses pontos fazem de Honório um homem fraco, sujeito à atitudes duvidosas.
Mas o autor deixa claro que Honório é um homem consciente dos seus valores morais. Descreve a tamanha confusão de seus pensamentos com a atitude de