O filme “Persépolis” retrata de maneira lúcida e descontraída a realidade de uma jovem iraniana que vive no contexto da Revolução Iraniana. Acompanhamos o amadurecimento de uma menina completamente relacionada com a Política de seu país e identificamos seus medos, inseguranças, ideologias dente outros ao longo da história. Marjane, a personagem central da história, tem diante de si o exemplo liberal de sua avó, marcante figura feminina que oferece à neta preciosas diretrizes morais e também um intenso senso de humor. Além disso, seus pais são modernos, adeptos da ideologia de esquerda e igualmente inteligentes. Apesar disso, Marjane não se sente como pertencente da cultura iraniana. Por pensar de forma diferente, ela critica diversos costumes e principalmente o papel submisso da mulher em seu país. Pode-se dizer, utilizando conceitos vistos em sala de aula, que ela não se identifica como fazendo parte da nação iraniana, pois não nutre o sentimento de pertencimento àquela cultura, ou seja, não se sente como um todo cidadã iraniana. Isso pode ser observado em algumas partes do filme no qual ela chega ao extremo de mentir a respeito de sua origem. Podemos explicar essa falta de nacionalismo de Marjane também pela opressão do governo que, com a Revolução Iraniana, tornou-se autoritário. A personagem não sentia-se representada por tal forma de governo - podemos até falar em crise de representatividade nesse caso -, que ia contra tudo aquilo no qual ela acreditava e tinha como ideologia. Em certo momento do filme, os pais da menina a mandam para Viena para impedir que algo de ruim aconteça à sua filha. Tal mudança acarreta mudanças significativas na personalidade e no caráter da personagem. Marjane passa a ter outras experiências pessoais mais ligadas ao seu crescimento e enfrenta dilemas característicos da adolescência. Quanto volta ao seu país, ela encontra um Irã já muito mudado pela guerra e seu melancolismo levam-na a uma depressão profunda que é curada