Resenha LOURO, Guacira Lopes. Currículo, gênero e sexualidade: refletindo sobre o "normal", o "diferente" e o "excêntrico"
A autora volta seu diálogo especificamente para educadores, que com as ideias de provisoriedade, precariedade e incerteza - presentes no discurso contemporâneo - preferem voltar-se para referências seguras, direções claras, metas sólidas e inequívocas. Para muitos, a busca no passado traz certezas e estabilidades que deem um sentido universal e permanente à ação, mesmo que no intenso ritmo de transformações em que vivemos isso ocasione a imobilidade.
Apesar disso, são poucos que negam que a instabilidade e transitoriedade vividas em nosso tempo. Para outros, a opção é admitir os riscos, paradoxos, dúvidas e contradições e sem buscar mudanças e respostas em definitivo, preferir respostas provisórias, múltiplas, localizadas, que se constituam em fonte de energia intelectual e política.
Este ambiente de transformações aceleradas e plurais possibilitou vozes à novas políticas, vozes às margens, e o centro – que materializado pelo cultura e pela existência do homem branco, heterossexual e de classe média, pela noção de estabilidade e ordem - passou a ser desafiado e contestado. Surgem então, questionamentos à noção do que é realmente cultura, ciência, arte, ética, estética, educação, e a busca por suas ressignificações.
No entanto, é preciso observar o reducionismo teórico e político que posiciona as margens em apenas como novo centro. Para que haja uma efetiva busca e transformação é necessário revelar ambos os posicionamentos – margens e centro, e esclarecer quais seus objetivos construídos.
“(...) excêntrico é aquele ou aquilo que está fora do centro; é o extravagante, o esquisito; é, também, o que tem um centro diferente, um outro centro”. (p.4)
A posição central é considerada a posição não problemática; todas as outras posições-de-sujeito estão de algum modo ligadas – e