Resenha Lander - Ciências Sociais: Saberes coloniais e eurocêntricos
EUROCÊNTRICOS. CLACSO, ARGENTINA. 2005. 21P.
RAFAELA DE ALMEIDA OLIVEIRA SANTOS 1
Ciências sociais: saberes coloniais e eurocêntricos, constitui uma valiosa contribuição para a compreensão da conjuntura histórica na formação das ciências sociais e possibilita questionar quais os caminhos ela deve percorrer na atualidade. Este texto, conta com contribuições fundamentais de autores do pós-colonialismo latino-americano, tais como
Mignolo, Dussel, Coronil, Escobar, Quijano, entre outros, que trabalham na tentativa de repensar a estrutura epistemológica das ciências humanas moldada de acordo com padrões ocidentais que se tornaram globalmente hegemônicos devido ao fato histórico do colonialismo. Lander introduz o texto apontando que se faz necessário um esforço de desconstrução do caráter universal e natural da sociedade capitalista-liberal frente à conformação profundamente excludente e desigual do mundo moderno. Assim, a afirmação de uma posição crítica verdadeiramente emancipatória requer o questionamento do estatuto de objetividade e naturalidade do conhecimento, e sobretudo das ciências sociais, já que estas foram formatadas por racionalidades coloniais/imperiais e legitimam esta ordem social.
Na primeira parte do texto, Lander mostra "As múltiplas separações do ocidente".
Segundo ele, o pensamento ocidental é fundamentado em algumas separações ontológicas, sendo a primeira de caráter religioso, de origem judaico-cristã, que separaria Deus e o
Homem de um lado (controle), e a Natureza de outro (subordinação). Com o Iluminismo, tais separações se multiplicariam, sobretudo com a divisão cartesiana de um sujeito que conhece, e um mundo a ser conhecido. Tendências como estas possibilitaram a derivação de novas, como por exemplo, a cisão entre “especialistas” e “povo” na sociedade moderna e, na divisão eurocêntrica entre os “Ocidentais” e os “Outros”. Estas estruturas dicotômicas promovem a
“descorporização” e a