Resenha inter-rail
Resenhado por Henrique Monteiro de Amorim
O chamado Inter-rail é uma viagem de um mês pelas principais linhas ferroviárias da Europa e é praticada, majoritariamente, por jovens entre 19 e 26 anos de idade durante o período de férias de verão. O aspecto mais interessante para a análise da viagem é o fato de que os próprios jovens decidem os destinos de viagem, dentro de um vasto leque de opções no continente Europeu. Essa viagem não limita-se ao aspecto turístico, ela representa vários significados em relação a vida cotidiana e à esfera psicológica desses jovens. A própria autora, Ana Santos, fez essa viagem e percebeu o significado epopeico dela na vida dos jovens que compram o bilhete de comboio. Em sua etnografia, Ana Santos parte do pressuposto de que a viagem é uma pratica social de lazer, portanto um sistema de relações socialmente reguladas. Isso significa que mesmo analisando o comportamento desses jovens em seu tempo livre, não se pode desvincular desse estudo, os contextos socioculturais em que eles se encontram. A autora conta que tomou o método de recolha etnográfica, analisando diários de viagens, cartões postais e historias contadas em entrevista. Assim busca-se entender o significado que essas viagens irão tomar no contexto de vida desses jovens e na identidade comum e particular dos chamados inter-railers. No estudo dos inter-railers, apresentou-se um problema clássico de metodologia, o aspecto da singularidade, ou seja, a experiência recebida por um indivíduo, que diferencia-se da unidade, que é a experiência vivida pela tripulação. A viagem mesmo sendo feita em coletivo, é também um evento particular, que tem suas representações e adquire um significado na vida de cada um desses indivíduos. Buscando explicar o significado epopeico do inter-rail, Ana Santos elabora duas metáforas: 1) o labirinto, que representa o percurso de vida de