Resenha do o vendedor de sonhos
O misterioso homem surge em meio à confusão, ignorando as pessoas, bombeiros, um renomado psiquiatra e até mesmo a polícia, que se reuniam em volta de um edifício, com a intenção de resgatar de um parapeito do vigésimo andar, o professor universitário Júlio César que pretendia acabar com a própria vida se jogando dali. A naturalidade e as técnicas de negociação ousadas, utilizadas pelo homem mexiam com o psicológico e emocional do suicida, fazendo com que aos poucos ele ficasse sensibilizado e confuso em relação aos motivos pelos quais estava ali. As pessoas não entendiam quem era aquele ser que se propunha a subir naquele edifício e desafiar alguém que deveria ser confortado ao invés de confrontado. Um de seus atos intrigantes foi declamar um poema filosófico, enquanto o suicida ameaçava atirar-se:
Seja anulado no parêntese do tempo o dia em que este homem nasceu!
Que na manhã desse dia seja dissipado o orvalho que Umedece a relva!
Que seja retida a claridade da tarde que trouxe júbilo Aos caminhantes!
Que a noite em que este homem foi concebido seja usurpada pela angústia!
Resgate-se dessa noite o brilho das estrelas que pontilhavam o céu!
Recolham-se da sua infância seus sorrisos e seus medos!Anulem-se da sua meninice suas peripécias e suas aventuras! Risquem-se da sua maturidade seus sonhos e pesadelos, sua lucidez e suas loucuras!
Surpresos e sem entender o que se passava ali, todos pensavam ser ele mais um maluco. O suicida ficou indignado com a ousadia do homem que não lhe deu ouvido e continuou a provocá-lo, falando o que pensava a seu respeito, que ele era um homem orgulhoso, preso as suas emoções e alienado de sofrimentos maiores que os seus próprios. Mas que o respeitava, por não poder medir sua dor, pois