Resenha do Livro: Os 10 Mandamentos
Cada vez menos a arquitetura é socialmente considerada como uma das mais importantes facetas da vida e da criatividade. A arquitetura não se restringe á capacidade de se aplicar açodadamente um saber técnico, a arquitetura é isso, mas é também muito mais.
Lucio Costa:
A mais tolhida das artes, a arquitetura é, antes de mais nada, construção, mas construção concebida com o propósito de organizar e ordenar plasticamente o espaço e os volumes decorrentes, em função de uma determinada época, de um determinado meio, de uma determinada técnica, de um determinado programa e de uma determinada intenção.
Espaço da arquitetura como elemento primordial: os volumes são decorrentes da ordenação espacial, são meios para os fins que são os vãos, os vazios, os ocos dentro de onde estamos ou por onde nos movemos,
Para Lucio Costa, podem existir construções “não intencionais” e, neste caso, não são consideradas “arquitetura” – mas “simples construção”.
Não se trata de ignorar a questão estética – “mas beleza é fundamental”, já dizia Vinicius de Moraes. Trata-se de não reduzi-la a “sim” x “não”; ter ou não ter “intenção”, ser ou não ser “estético”. A tarefa da teoria é definir conceitos e variáveis de análise que permitam localizar um exemplo numa escala qualitativa, por exemplo: horrível -> feio -> indiferente -> belo -> belíssimo; ou inferior -> médio inferior -> médio -> médio superior -> superior, ou ainda transcrever a avaliação numa escala quantitativa, exemplo: “0 -> 10”.
Primeira ampliação do conceito, portanto: não cabe designar edifícios por “intencionais” e “não intencionais” plasticamente, mas avaliar a todos na “escala estética”.
Bill Hillier
A definição de Bill Hillier tem parentesco com a de Lucio Costa, porém foca mais precisamente a natureza dos processos mentais envolvidos.
Supostamente, arquitetos dignos do nome, os que fazem “arquitetura”, e não “meras construções”, são “conscientes” e “reflexivos”; é