Resenha do documentário "Glauber o Filme, Labirinto do Brasil"
Glauber o Filme, Labirinto do Brasil, é um filme documentário brasileiro de 2003, sob a direção de Sílvio Tendler. Com aproximadamente 98 minutos, Glauber o Filme apresenta a vida e a morte de Glauber Rocha, o polêmico e incompreendido, no seu tempo, cineasta baiano que revolucionou com suas obras, promovendo uma significativa reformulação na cultura e na indústria cinematográfica brasileira. A integralidade da lenda já surge nos primeiros minutos. O velório e o enterro de Glauber de Andrade Rocha reúnem centenas de pessoas, num cemitério do Rio de Janeiro. Intelectuais e amigos discursam emocionados diante do povo em transe. Logo em seguida, para equilibrar com a comoção, mostra-se um episódio polêmico na carreira do cineasta: Glauber exibe o seu último filme, A Idade da Terra, no Festival de Veneza, filme com que se acreditava ser uma nova revolução no cinema, porém, o resultado obtido não foi o esperado. Muitos inclusive fãs de Glauber se levantaram e abandonaram a sessão no meio. O filme também é construído, principalmente, através de várias entrevistas com atores, diretores, pensadores e amigos de Glauber, que relembram histórias hilárias, seus trajetos por países, seus filmes produzidos, seu pensamento e ideais etc. Ao final da jornada, depois de tantos depoimentos envoltos em reverência e saudade, compreendemos que seria quase impossível buscar a desmistificação de Glauber. O documentário de Silvio Tendler expõe quem foi o cineasta Glauber Rocha em torno de sua peculiaridade e sua ideologia e provoca no espectador a imediata vontade de conhecê-lo a fundo. Explodem-se na tela um filme tributo à memória de um artista que idealizava um cinema independente e libertário e inspiram seus espectadores a reflexão: sobre os rumos do Brasil, da América Latina e do mundo em desenvolvimento. Não é à toa que o filme de grande originalidade e alcance, recebeu diversas premiações.