Resenha crítica sobre lírica grega arcaica
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS - FFLCH
MATHEUS DE OLIVEIRA LIMA MOURA BUENO
8976528
Resenha Crítica
São Paulo
2014
No capítulo “Homero e Arquíloco: leituras modernas da Grécia Arcaica” de “Armas e Varões”, Paula Correa aborda as diferentes concepções modernas em relação às obras da Grécia Arcaica, sobretudo o debate sobre a diferença entre a épica homérica e a lírica de Arquíloco.
A autora recorre ao estudioso alemão Bruno Snell para explicitar uma das correntes de pensamento a respeito do tema apresentado, expondo críticas posteriores, incluindo descobertas em outras áreas do conhecimento, que buscam derrubar seus apontamentos.
Bruno Snell parte dos textos de Homero (Ilíada e Odisseia) com o objetivo de traçar características psíquicas do homem antigo, comparando-o ao homem arcaico, partindo dos textos do poeta lírico Arquíloco de Paros. Para o pensador, o homem Homérico era incapaz de formular abstrações; ignorava a existência de sua alma enquanto unidade, assim como a dicotomia corpo/alma e, assim, tampouco poderia conhecer a dicotomia sentimento/emoção e uma verdadeira reflexão; logo, não havendo reflexão, não haveria a noção de responsabilidade humana. Snell acrescenta que em Homero o corpo não seria unificado, mas composto de órgãos com funções físico-psíquicas; não havia distinção entre corpo e alma – o homem homérico desconhecia emoções mistas e uma verdadeira reflexão por não haverem tensões ou conflitos em um único órgão.
Sem a consciência de sua inserção singular no mundo, as personagens da épica homérica não possuíam vontades próprias e não eram aptas a tomar decisões e formular teorias com base em reflexões internas e individuais. Assim sendo, o destino do homem de Homero reside no campo do objetivismo épico, ou seja, de forças externas, estando ou nas mãos divinas ou sob a égide dos preceitos e normas morais da sociedade em que estavam inseridos.
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