Resenha Crítica - Livro "Meus desacontecimentos"

Eliane Brum oferece ao leitor de "Meus desacontecimentos" várias possibilidades para se conectar com o livro. São muitos casos. E são fácies de conquistar relacionamento. Parece que a escritora está tentando pescar cada leitor. Fazer com que ele permaneça até o fim do livro – nem que seja somente por uma parte da história. Isso pode incomodar. Por exemplo, o leitor que não saiba da existência do "Uma Duas", livro em que Eliane fala sobre a gravidez, pode ficar na expectativa da história. O que me prendeu foi exatamente o final bruto e seco. Eliane contou como a tirada de um curativo a principal história: a influência do professor universitário. Quando terminei a leitura, esse incômodo por uma história não contada permaneceu em mim. A jornalista força a cada capítulo a obsessão pelo túmulo. Pela morte. Depois da metade do livro, é pedante acompanhar o mesmo assunto.

Meus desacontecimento é um livro sobre a saga mortífera de Eliane Brum para escrever, contada por história dos outros.

Eliane Brum, mas bem que poderia ser Mortícia Addams. Obsecada pela morte, a jornalista gaúcha, em "Meus desacontecimentos - a história da minha vida com as palavras", decorre sobre os dramas que a levaram escrever. O livro, que era para ser algo diferenciado no padrão "Brum", continua em suma a mesma. Uma contadora de história. Eliane usa história dos outros, em que ela mesma é personagem coadjuvante, para contar a própria história. A jornalista oferece ao leitor diferentes contos para pescar a atenção. Eliane conseguiu de novo. Fazendo o que sempre fez, ela consegue contar a história em que levou escrever. Com o tempero do melodrama e da morte, a escritora passa da infância até a idade adulta tentando encontrar fatos relacionados com a escrita. Tem jardim, livraria, diferentes casas, prefeitura de Ijuí. Mas o que importa é o final. Eliane escreve essa parte como uma mãe tira um curativo. "Meus desacontecimentos" é um livro que vai provavelmente vai trazer memórias.