Resenha crítica acadêmica - desmundo
Desmundo é um relato da vinda de moças para o Brasil na época de colonização para casar; o desenrolar do romance surpreende o leitor com a vida difícil que essas mulheres tinham.
O romance Desmundo, da escritora Ana Miranda, publicado em 1996, com 216 páginas, virou filme em 2003.
No Brasil, por volta de 1555. Chegam ao país algumas órfãs, enviadas pela rainha de Portugal, com o objetivo de casarem com os primeiros colonizadores. Oribela é uma jovem sensível e religiosa que se vê obrigada a casar com Francisco de Albuquerque, que a leva para seu engenho de açúcar. Oribela pede a Francisco que lhe dê algum tempo, para ela se acostumar com ele e cumprir com suas "obrigações", mas paciência é algo que seu marido não tem e ele praticamente a violenta. Desmundo é, antes de qualquer coisa, um ponto de vista diferente de uma jovem que é forçada a ter uma vida que ela jamais desejou em um lugar que, para ela, é o ‘fim do mundo’.
Através de Oribela, vamos recebendo e formando uma nova perspectiva sobre o sofrimento daquelas que ajudaram a criar esta nação. Meninas que foram responsáveis pelo surgimento de incontáveis linhagens de extrema importância para o Brasil, mas que, em contra partida, enfrentaram a desconstrução de seus ideais, hábitos e esperanças.
É recomendável para todas as classes que já presenciaram algum momento de violência e já tem o conhecimento das leis atuais que protegem mulheres, adolescentes e crianças inocentes de abusos e explorações.
Ana Miranda nasceu em Fortaleza, em agosto de 1951, contudo aos cinco anos de idade, mudou-se para o Rio de Janeiro e estudou Artes lá. Em 1959 foi para Brasília. A autora, como se vê, cresceu nas cidades que mais intensamente viveram os efeitos das radicais transformações e da efervescência na vida política, social e, sobretudo, cultural do país. Quando Ana Miranda publicou seus dois primeiros livros, de poemas, ela era inteiramente desconhecida do grande público.