Resenha critica
Schultz, Kirsten. Perfeita civilização: a transferência da corte, a escravidão e o desejo de metropolizar uma capital colonial. Rio de Janeiro, 1808-1821.Tempo, vol. 12, núm. 24, 2008, pp. 5-27. Universidade Federal Fluminense. Brasil
O texto em questão aborda que a transferência da corte portuguesa para o Brasil, teve como consequência o fim do “antigo sistema colonial”, pois os portos foram abertos e a corte estabeleceu-se no Rio de Janeiro, considerando-se assim a cidade a nova metrópole. E, apesar das circunstâncias que levaram a transferência da corte, os habitantes da colônia e os exilados da corte viram nas mudanças ocorridas uma chance de renovação política e moral da colônia, e assim a autora vêm examinando esta reconstrução da nova metrópole.
Os habitantes perceberam que a transformação do Rio de Janeiro em corte real enfraquecia a oposição colônia/metrópole e implicava numa marginalização das práticas e estéticas que não demonstrassem essas mudanças. Desta forma, não ser mais colônia significava “civilizar”, porém havia limites a este projeto civilizador, limites produzidos pela própria sociedade e economias coloniais: a escravidão africana.
A autora nos traz que dois meses antes da chegada da corte começaram as transformações na cidade no Rio de Janeiro para receber os exilados, e estas transformações continuaram após o estabelecimento da corte pois a medida que a população crescia, o comércio de varejo aumentava, casas eram construídas e a Coroa subvencionava a construção de novos prédios públicos, sendo assim instituída uma Imprensa Real, novas academias reais, uma escola de medicina, a biblioteca real, além da duplicação de instituições e a criação do Banco do Brasil. Além destas transformações físicas houve também uma redefinição de regras para a conduta pública refletindo hierarquia, virtude e esplendor real.
Após o fim das Guerras Napoleônicas, como já havia sido feito em Lisboa, a corte e a elite da cidade começaram a