1º atividade antropologia contemporanea. O que mais fascina no pensamento de Paul Tillich (1886-1965) é a sua dinamicidade e capacidade de abertura permanente. É inegável a sua contribuição para a teologia das religiões no tempo atual, e de modo particular a afirmação das bases para um “ecumenismo inter-religioso”.[1] Os últimos anos de sua atividade teológica estavam delineando uma mudança de perspectiva ainda maior no seu pensamento com respeito às religiões. E isto se deve à recíproca colaboração com Mircea Eliade na Universidade de Chicago e, em particular, sua viagem ao Japão em 1960. Eliade relata em artigo a forte influência que esta visita ao Japão significou em sua vida, sobretudo a possibilidade de um contato direto com um “ambiente religioso vivo” e diversificado.[2] Foi sob o impacto desta inovadora experiência que nascem as quatro Bampton Lectures, realizadas em 1961 na Columbia University, publicadas em livro dois anos mais tarde sob o título “O cristianismo e o encontro das religiões no mundo”[3]. Em sua última conferência, realizada em outubro de 1965, na Universidade de Chicago, Tillich indicava a necessidade de uma renovação de sua teologia sistemática, no sentido de uma nova “interpretação do estudo teológico sistemático e dos estudos histórico-religiosos”[4]. Tratava-se de acionar a reinterpretação da tradição teológica à luz das novas reflexões indicadas pela história das religiões. É verdade que em sua viagem ao Japão, Tillich deparou-se com o mundo das outras religiões, e em particular com o budismo zen, o que provocou o questionamento de certo “provincianismo ocidental” e um interesse particular para o tema do diálogo inter-religioso. Não há como negar a singularidade desta viagem ao Extremo-Oriente, que marca uma mudança em sua compreensão da situação religiosa plural, mas ela traduz, em realidade, o amadurecimento de reflexões que já estavam presentes anteriormente[5].