resenha cr tica do filme a vida secreta das palavras
O fato de Hanna se qualificar para cuidar de queimaduras, feridas que exigem muitos cuidados recuperação longa, pode estar vinculado às feridas que deixaram em sua vida e custaram muito para cicatrizar. Sempre existe uma certa relação entre o cuidador e o cuidado que é confronto com sua própria vida que se relaciona com o processo de saúde e doença; na cuidadora o processo de bem estar físico está presente, mas o processo de mal estar ficou centrado na mente e no psiquismo.
Cuidar de Josef é compartilhar de seu sofrimento, e este sofrimento a faz sentir medo, como se Josef fosse o seu espelho. Através de Josef é refletida sua fragilidade, e a mortalidade está ali representada por ele. No confronto com o fim das férias e separação de Josef, Hanna permite que seu afeto se manifeste e passar falar a ele seu sofrimento. Talvez dentro de si existe o ódio, porém esse ódio é liberado e passa a estar a serviço do sentimento amoroso, na ação solidária de cuidar ao outro.
Hanna quando adota o papel de cuidador se reconhece em Josef. Ocorre o processo de identificação, que para Freud (1921), define como “uma expressão mais remota de um laço emocional com outra pessoa. Ela desempenha um papel na história primitiva do complexo de édipo”. Assim, entende-se que a identificação como um processo do psiquismo pelo qual Hanna pode se constituir através do outro ser humano.
O cuidado, a atividade profissional escolhida por Hanna após o trauma, foi uma forma de conter sua subjetividade, uma vez que, em vivência, pode dar razão a pulsão, sublima e desvia para um novo objeto socialmente aceito e valorizado, o de “cuidar”.
A identidade de Hanna no processo social é baseado no texto citado por Freud “o psiquismo do sujeito depende também do contexto do sujeito está inserido, ao se colocar num outro ambiente, outras relações sociais, outra posição identificaria, é possível que suas condutas se modifiquem” (Freud, 1921)
Compreendendo o