Resenha / comentário crítico
O Auto foi escrito em castelhano, português e tupi, mas mostra-se em sua maior parte em tupi, justamente para melhorar a comunicação com os indígenas, já que foi apresentado a eles na tentativa de catequização. Apresenta-se em cinco atos, o último uma dança cantada em procissão final, objetivando converter recreando os indígenas.
O texto foi todo produzido valorizando os valores cristãos. No primeiro ato, é apresentado o martírio de São Lourenço, disposto sobre grelhas em cima de um braseiro.
No segundo ato, Guaixará (reidos diabos) chama Aimbirê e Saravaia (demônios), para ajudarem a dominar a aldeia e perverter os índios. Apontam-se os pecados dos indígenas, alertando-os a converterem-se ao cristianismo, pois os demônios os desejavam, já que seus rituais, danças e cultos eram considerados pecaminosos. O recurso de catequização usado para convencer os índios de que ser cristão é ter o amor e perdão de Deus foi fazer com que São Lourenço salvasse a aldeia, e São Sebastião levasse os demônios e os prendesse. E o ato se encerra com o Anjo vitorioso aconselhando os índios a seguir o caminho de Deus, pois só assim seriam salvos.
No terceiro ato, o Anjo chama os demônios e manda-os ao encontro de Décio e Valeriano (imperadores romanos), para sufocá-los. Este trecho demonstra o que acontece com aqueles que vão contra a vontade divina.
No quarto ato, surgem o Amor e o Temor de Deus, juntamente com o Anjo, com a finalidade de comentar o que se deve e não deve fazer por amor e por temor