Resenha capítulos 8, 9 e 10 do livro Justiça - o que é fazer a coisa certa. Michael Sandel
Após discorrer sobre as duas primeiras concepções de justiça nos capítulos anteriores, no capítulo 8o − Quem merece o quê? − Sandel analisa a última concepção, que associa a justiça à virtude, e que tem como percussor Aristóteles.
Para Aristóteles, se as pessoas não são iguais, não poderão ter coisas iguais. Na sua concepção, justiça significa dar às pessoas o que elas merecem. Mas o que elas merecem? Depende do que está sendo distribuído. Para definir quem tem direito a alguma coisa, ou quem merece receber uma determinada honraria, deve-se primeiro saber qual é o telos, ou seja, qual é a finalidade ou o propósito daquilo que está sendo distribuído. A partir daí, será possível saber quais as virtudes/qualidades devem ser honradas e recompensadas. Este é o fundamento teleológico da justiça de Aristóteles.
Sandel exemplifica a teoria aristotélica de justiça com dois casos concretos: o de Callie Smartt, portadora de paralisia cerebral que foi expulsa da torcida organizada de sua escola, e o de Casey Martin, jogador profissional de golfe que pediu permissão a Associação Profissional de Golfe para usar um carrinho durante os campeonatos e teve o pedido indeferido.
A concepção de justiça de Aristóteles diverge frontalmente da concepção de justiça de John Rawls, que tenta separar as questões de equidade e direitos das discussões sobre honra, virtude e moral. Para Rawls, deve-se buscar princípios neutros para alcançar a justiça. Para Aristóteles, é impossível dissociar as questões relativas à