Resenha brava gente brasileira
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O filme Brava Gente de Lucia Murat é um retrato de um dos momentos mais importantes da história brasileira: as expedições dos colonizadores do Brasil. Diogo de Castro é um cartógrafo português que segue viagem com uma caravana até o Forte Coimbra. No percurso ele precisa se adaptar à ferocidade de seus companheiros, fazendo coisas das quais discorda para provar sua masculinidade, afinal a masculinidade conhecida por seus companheiros implica violência e dominação. Retratando com fidelidade o choque cultural entre portugueses e índios, o filme aponta a violência gratuita dos colonizadores em relação aos colonizados. Em um dos momentos cruciais do filme, o bando de viajantes encontra um grupo de índias tomando banho num rio e, ignorando o tratado de paz entre Portugal e os índios, os homens atacam as mulheres, violentando-as e matando-as. Como agravante, os viajantes percebem que entre as mulheres existem cudinas, que são índios que se transvestiam; e empreendem um massacre, motivados pela incompreensão de costumes diferentes dos seus, ou seja, o “velho” preconceito. Pedro, o líder do grupo, obriga Diogo a estuprar uma índia, considerando que se o homem não a violentasse não seria “macho”. Desse modo, ao ver sua masculinidade posta em “xeque”, Diogo consuma o ato, apesar de sua natureza intelectual e refinada. Motivado por compaixão, arrependimento e, talvez, senso de igualdade Diogo não permite que a índia, Anote, seja morta e a leva consigo, iniciando assim um relacionamento amoroso, que progride lentamente, conforme a moça adquire confiança nele. Os índios eram julgados como selvagens, que, na visão dos europeus, poderiam passar por dois extremos: ou eram idiotas ou animais ferozes. Consequentemente, os índios não possuíam direitos, os colonizadores dispunham de sua vida e de sua liberdade como queriam. Isso explica o comportamento violento dos viajantes em relação ao grupo de índias, na concepção deles, elas não eram mais que “coisas” prontas para serem usadas